Nos tempos atuais, em relação ao comportamento social, existem três prerrogativas da postura solidária e necessária para o enfrentamento da pandemia: o uso de máscara, higienização das mãos e o isolamento social.


Desde o início da quarentena, dessas prerrogativas, cada indivíduo consegue analisar o comportamento do outro em duas delas: uso da máscara e o isolamento social. Em março, início da quarentena, o uso da máscara não estava generalizado. Entretanto, o isolamento social dava sinais que estava incorporado ao comportamento da sociedade.


Infelizmente, passadas algumas semanas, apesar da generalização do uso da máscara, o isolamento social perde cada vez mais “adeptos”, até entre os favoráveis à medida.


Retirando deste contexto as pessoas que realmente precisam sair, as desculpas escapam por diversas artimanhas: uma corridinha no parque, uma visitinha aos pais, amigos, namorado, uma chegada próxima à praia, um pôr do sol, ciclovia! Enfim….


Diante disso, e vendo o crescimento do coronavírus pelo Brasil, me lembrei de alguns exemplos da Teoria de Jogos, que possuem seus fundamentos na Teoria do Equilíbrio. Longe de ser um economista neoclássico, muito pelo contrário, mas a Teoria dos Jogos traz alguns exemplos de comportamentos sociais cooperativos e a possibilidade de não cooperar e ser beneficiado por tal atitude.


Lembrei do exemplo do Custo da Vigilância. De forma simplificada, a cooperação ou não, ocorre da seguinte forma: suponha que em uma rua haja cinco casas (A, B, C, D e E) e que todos resolveram dividir o custo do vigia noturno, por exemplo, 100 dividido por 5, ou seja, 20 para cada um dos moradores.


Todos cooperaram e o custo/benefício é igual para cada indivíduo. Imagine, porém, que o dono da casa C resolva parar de pagar a sua parte e os outros continuem pagando os 100. Assim, agora, são 100 dividido por 4 (25 para cada um), ou seja, o custo aumentou em cinco para os outros e tornou-se zero para o não pagador. No entanto, o benefício ainda é igual para os cinco vizinhos, pois, mesmo o C não pagando, o vigia estará trabalhando e fazendo a ronda em sua rua, devido ao pagamento dos outros moradores.


Assim, antes de sair de casa por motivos fúteis lembre que, para garantir a sua saúde e a de toda a sociedade, existem muitas pessoas que estão “enclausuradas”, pagando o custo emocional e físico do isolamento social.


Enquanto você curte uma visita, um pôr do sol ou um “rolê de bike” na ciclovia, de forma tranquila e sem “muito” risco de infecção, pois esses locais estão com um menor fluxo de pessoas, pense em duas coisas: 1- existem pessoas que estão deixando de fazer isso por ter entendido a necessidade de um comportamento social cooperativo; 2- caso todos fossem para a rua, você não teria esse benefício de lugares vazios e tranquilos. Estariam todos usufruindo do prazer de sair, mas com um custo sanitário enorme.


Então, seja menos oportunista e saia de casa somente o necessário. Vamos cooperar, vamos ter comportamentos solidários verdadeiros.


*Leonardo Manço é economista e analista em Planejamento e Orçamento da Fazenda Estadual de SP.